sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Come on home

Voltar pra casa é algo mágico e ao mesmo tempo agressivo. me pergunto se sempre será assim. Mágico porque simplesmente não há como negar sua origem, seu lugar. é relembrar tudo que ficou para trás, é reviver pessoas, e reencontrar pedaços seus que ficaram. Agressivo por você se colocar cara a cara com o tempo e a memória.

é constatar que seus pais estão com mais rugas e frágeis, com mais manias, mais ranzinzas, com coisas “da idade”. é ver que ao mesmo tempo, esse lugar não te pertence mais, ou pelo menos não pertence tanto assim.

Questiono qual é meu papel aqui. se sou visita, morador, que diabos eu sou. é engraçado ouvir primos e vizinhos se referirem à minha aparência física. Em um só dia ouço que estou mais gordo, que estou bem mais magro, que estou bem mais forte. fico rindo com isso. No meu caso, é complicado porque não tenho vontade de sair pela cidade. não vejo muitas opções para me divertir aqui.

é uma angústia ( não no sentido trágico ) que todos meus amigos que moram longe e não podem vir aqui com tanta freqüência compartilham comigo. é um incômodo permanente, pois nas capitais que estudamos e trabalhamos, sentimos diariamente esse desejo e necessidade louca de retornar ao ninho, mas chegando aqui, é como sentir que somos pássaros crescidos e grandes demais para se acomodar de fato nesse ninho antigo.

sem falar na metade que fica lá na cidade grande, a vida que construímos, os personagens que encarnamos, os adultos fabricados em nossa necessidade de trabalhar, crescer, construir. os amantes, os chefes, os professores, os homens, as mulheres, as prostitutas, os michês, os doutores, os estagiários, os universitários, e todos os outros.
não é uma queixa, nem decepção. é um fato que acontece, e quem passa por ele sabe do que falo. é uma procura incessante por um lugar, por uma paz. felizmente, temos esse lugar para nos socorrer, para nos receber e nos encher de força , chamado lar.

é aqui que o ânimo é retomado. o corpo cansado se recupera para voltar ao concreto, aos semáforos, às grandes oportunidades. até quando, já não sei.


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Um comentário:

Pedro disse...

Cheguei aqui através do branco súbito, do Râzi, ele postou uma ilustração de um garoto de bh,áí resolvi conferir, e quando entrei, "olha, é o carinha que tira foto na boite" rsrsrsr...

Fiz uma visita geral, lí e ví boas coisas, gostei, linkei...

Esse texto em especial, na verdade, os textos dessa época, me identifiquei muito, a crise do 25, a saudade de casa, o voltar pra casa e não saber bem o seu papel alí, tudo muito bacana...

Serei visita constante por aqui, abraço!!!