quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

GLAMÚ




Aproveitando o link do post abaixo, hoje me deparando com algumas pessoas ( gays ) em uma reunião sobre projetos de noite, criação de flyers e afins, fiquei pensando sobre um clichê, uma falácia pedantíssima que muita gente ainda acredita: o tal bom gosto e sofisticação natural, de nascença que os gays supostamente têm, simplesmente por serem gays.

De cara já falo que acho isso uma gigante besteira. Trabalho e lido diariamente com gays de péssimo gosto, com "criações" cafonas, que chegam a ser pavorosas e altamente prejudiciais à visão. Desde flyers monstruosamente feios de baladas que soam assustadoras e suspeitas, à projetos de decoração, estilismo, ambientação e tudo mais. o que há em comum em todas as manifestações do cafonismo é um profundo deslumbramento consumista, principalmente com o que vêm de fora engolido sem pensar 2 vezes e uma arrogância estética e cultural, onde um pseudo conhecimento superficial de temas, estilos e conceitos são usados de forma hedionda, horrenda. não há como ficar bom.

Não acho ruim misturas, encontros e hibridismos, e muito menos manifestações populares, muito pelo contrário. mas me irrita essa confiança absoluta que muitos profissionais da área mantém, com boas doses de blasé. " meu sangue taia" nesses momentos em que sou obrigado a lidar com esses tipos.

Não é a orientação sexual que deixa a pessoa mais ou menos mais sofisticada e de bom gosto, aliás, o conceito de bom gosto é frágil e relativo. Gays não nascem mais dispostos e sensíveis às artes, literatura, cinema, moda e decoração. Concordo que podem ser bastante curiosos em descobrir e fuçar coisas que poderão se tornar tendências e manias posteriormente, principalmente na música pop e eletrônica, mas isso ainda não é um privilégio dos homos.

O que faz alguém mais interessante e culto é o constante interesse em ler, em pesquisar, se aprofundar sempre mais nos assuntos prediletos, em nunca se acomodar achando que já é muito entendido e expert em alguma área de conhecimento. é perguntar, e principalmente ouvir, se abrir ao novo, e ao velho também, afinal sem história, não há presente nem futuro.
É explorar outros quintais, tentando deixar o máximo de preconceito de lado. é aprender a trocar lâmpada e chuveiro, aprender um esporte, fazer uma viagem inusitada, é pensar além de N.Y., Paris, London e Ibiza. é não fingir que aprecia Maria Callas e balé, quando no fundo você odeia ou não entende. mais sincero é assumir que não conhece e tentar absorver e entender, sem afetação e com humildade.

Você nasceu assim, mas não precisa se limitar e pagar mico com tanta cafonice.

Mapeamento de vidas

Durante os meses de janeiro e metade de fevereiro participei como colaborador-produtor local do Mapeamento LGBT do Grupo Somos de Porto Alegre, onde o objetivo é traçar roteiros, conhecer e divulgar todas as possíveis manifestações ligadas à cultura e à arte. todas as impressões do projeto você encontra no blog: http://somos.org.br/mapeamento/.

Foi interessantíssimo, divertido, cansativo, estimulador e principalmente desafiador topar essa parada. Me indicaram por ter um relativo bom trânsito pela noite e bons contatos da área cultural e artística, mas durante o processo descobri que quanto mais você acha que sabe e conhece da vida cultural da sua cidade, mais vc tem a descobrir, e eu tenho muitas, mas muitas coisas a conhecer e re-avaliar aqui em BH. Senti que meu mundo era bem menos vasto do que imaginava, mas ao mesmo tempo estimulado, excitado por ter entrado em contato com novas manifestações na minha rotina como a Associação das Lésbicas de Minas( ALEM ), Falar da nova DIVAH da noite e da vida, a Neide, ou Neide Gaga pros íntimos, da Caramelo Sundae, bares que nunca havia entrado, e a diferença que faz um encontro pessoal com os artistas plásticos que de alguma forma tratam a questão da (homo)sexualidade.

Além disso notei o quanto é delicado esse limite entre o que é cultura, espaços de agregação cultural com espaços de entretenimento. Até que ponto um nightclub, um bar GLS é considerado espaço de manifestações de cultura, por exemplo? Fora outros desdobramentos não previstos que foram surgindo. é como se a pesquisa fosse tomando forma própria, além de nosso planejamento. Enfim, me senti pequeno, mas muito desafiado, e isso foi bom. foi um contato muito gostoso, tanto com os amigos gaúchos quanto os entrevistados.

Ano que vem esse material todo será transformado em um catálogo impresso e um site. Foi um prazer participar e espero que o projeto do mapeamento só cresça e traga bons resultados a todos os envolvidos e os que terão acesso a essa pesquisa.

Além da parte séria e de comprometimento com o trabalho desenvolvido, também tivemos nossos momentos de descarga e relaxamentos, com muitos drinks, cervejas, botecos, bafões e confidências, sempre acompanhado dos queridos guris Sandro e Mayra, além do inseparável amado Jeff kun e outros friends, o que nos renderam mil casos, mas essa é oooutra história!



Eu, a Top Drag Dolly Piercing e Sandro Ka, guri de PoA e coordenador do Mapeamento GLBT.





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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Behance Portfolio






Não entendo o porquê da gente, artistas, designers, profissionais da imagem como um todo, procrastinar tanto pra fazer nossas próprias peças de divulgação. Não só eu mas um tanto de amigos e colegas se enrola meses, ANOS pra atualizar, imprimir e organizar seus portfólios, sejam eles impressos ou websites. finalmente devo imprimir meus cartões de visita, que estão bem bonitos. mas é engraçado e triste essa péssima mania nossa de não conseguir nos "servir", de não ter agilidade e objetividade com nossas próprias publicidades. Falo por mim e todos os enrolados.

Descobri fazendo meu cartão que seria um péssimo cliente de serviços gráficos, porque não sei a hora de parar, de fechar e imprimir. sou muito chato, exigente, eternamente satisfeito com o que É MEU. e feito PRA MIM. faço (quase) tudo que reclamo dos meus clientes! nessa parte de indecisão, é claro. Minha antiga professora de pintura tomava os pincéis da minha mão e dizia que o trabalho estava bem resolvido e não precisava de mais nada. não sei a hora de parar, e tb raramente sei qual exato ponto estético quero. acredito que quem cria pra si mesmo, nunca sabe disso, diferente da rotina caótica e hostil das agências e escritórios de design e comunicação, onde adquirimos agilidade, objetividade e soluções rápidas pra terminar logo as demandas e nos livrar, ter mais paz e mais peças no portfolio, deixar o chefe bonzinho, enfim, varejo.

Quando é pra mim mesmo..são outros 500. Tudo isso pra dizer que estou migrando provisoriamente meu "portfolio" pro Behance.net . Já conhecia, mas agora estou curtindo mais o visual, navegação e organização do site. Eu adoro o DevArt, mas é uma rede social voltada demais pro nosso próprio umbigo, pessoas da criação, de artistas pra artistas. Muita gente que não produz arte e nem é da área já me reclamou das dificuldades de navegação que encontram no DevArt. acham confuso, confundem as galerias suas com as de outros e seu favoritos.. E isso era chato quando eu mostrava o link da galeria do meu Deviantart aos clientes em potencial. por isso aprendam com meu erro e não façam isso! E eu concordo, é um site muito específico mesmo. por isso, pelo menos profissionalmente, usarei o Behance. O Deviant ficará pra projetos e imagens mais autorais mesmo, experimentais. Meu site de verdade, joapa.com tá registrado, e algum dia deve sair. rs. não tenho jeito.

visitem: http://www.behance.net/joapa

Bigode aka Tom