quarta-feira, 31 de outubro de 2012

antes que os vinte e oito anos acabem

relembrar!


A pedra

Seria tão fácil, imagina. Basta cair uma pedra na minha cabeça, naquela calçada bonita, desmaiaria, levaria no máximo alguns pontos depois, valeria o esforço e transtorno. Enquanto eu estivesse dormindo, vazariam, em vermelho e em estado líquido todas essas coisas que embriagam a gente. essas coisas devem ser um pouco hormônio, um pouco droga, e um tanto nostalgia. Escorrendo tudo pela calçada, tingindo de vermelho o concreto e levando embora tudo.  Eu estaria inconsciente, acordaria em algum hospital, sedado e não me lembraria mais de nada. Essa calçada, tão estranha, mas cheia de flores, me faz pensar nessa pedra que um dia cairá. Bem, essa seria a forma mais fácil, admito. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

pacto do pólen







E foi esse o nosso pacto: Enquanto eu proteger e fazer de tudo para que estejam sempre vivas e coloridas, vocês me protegerão e farão de tudo para que eu esteja vivo também. E assim seguiremos juntos, pois só temos um ao outro nesse mundo difícil. sozinhos, nunca estaremos.
Amanhã será um dia muito especial.

15 de outubro


João, sonhei com vc essa noite!
7:16 PM pensei o dia todo
  você estava tristonho no sonho.
  e eu perguntava o que era
  e você arredio não falava
  só pediu colo
  e deitou
  estávamos numa mureta de pedra
  muito bonita
  e ficamos ali conversando
7:17 PM você deitado no meu colo
  e eu fazendo cafuné
  o lugar era uma paz só.

run

Frequentemente sonho que estou correndo em direção à algum lugar que nunca me recordo. Nessa corrida, vou acelerando cada vez mais e mais, começo a saltar como um animal na selva africana fugindo de seu predador ou o contrário também. Sei que nestes sonhos corro tanto, mas tanto e não me canso nenhum pouco, não suo, não sofro. Sinto que começo a galopar no vento, e em certo momento cada passo que dou me joga pra frente, sigo quilômetros em linha reta no ar, até precisar por os pés no chão e me propulsionar novamente. Começo a voar, um tipo de voô em câmera lenta, não sei se bem um voo, talvez um canguru ou uma pulga que percorre uns 3 quilômetros no ar. Sempre que tenho esse sonho, me sinto feliz, pois não é uma sensação de espanto ou algo irreal. Cavalgar nestes ventos é sempre algo tão normal, tão natural e corriqueiro. é uma experiência tão rotineira, algumas vezes para minha escola primária, outras vezes para minha casa, e na maioria para lugares que jamais me lembrarei. Recentemente tive um flash semi acordado dessa corrida tão leve, e antes de cair em sono profundo ouvi um sussurro no ouvido para qual direção deveria seguir. eu me esqueci qual direção era, mas eu sei que no meu próximo sonho saberei novamente.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Adriana Calcanhotto - Do fundo do meu coração

Do fundo do meu coração, Roberto Carlos


Eu, cada vez que vi você chegar
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido eu disse: nunca mais
Mas novamente estúpido provei
Desse doce amargo, quando eu sei
Cada volta sua o que me faz
Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Eu vi o meu amor tratado assim
Mas basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim
Eu, toda vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse pra ficar
E mais uma vez falei que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Se você me perguntar se ainda é seu
Todo meu amor, eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim.




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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

FOREVER

Nesta vida




As suas melhores obras de arte são os seus beijos
As suas melhores obras de arte são os seus beijos
As suas melhores obras de arte são os seus beijos
As suas melhores obras de arte são os seus beijos
As suas melhores obras de arte são os seus beijos
As suas melhores obras de arte são os seus beijos



8 de Outubro

No dia 8 de Outubro tentei caminhar por ruas poluídas de santinhos políticos, lixo eleitoral e cavaletes quebrados. Tive que ficar saltando e me esquivando também dos corpos de todos os eleitores e militantes que estavam jogados no asfalto, assim como o tapete de papel. Jamais havia visto uma ressaca nessa proporção em minha vida, e secretamente estava aliviado por não ter tomado o tipo de bebida que causou a  ressaca tão violenta nessas pessoas.

07 de Outubro

No dia 7 de outubro acordei após uma noite de sono generosa e revigorante. Havia muito tempo que não dormia tantas horas. Acordei e contei pra ele do meu sonho em que a rotação da terra havia parado e o mar evaporado. Ele me contou do seu sonho, mas a única coisa que consegui focar em suas palavras foi do cemitério de passarinhos que fazia parte do seu sonho em algum momento. Eu só queria saber em que local do mundo está agora esse cemitério de passarinhos.

6 de Outubro

No dia 6 de Outubro, deitados, ele me pediu pra contar uma história, mas eu não me lembrei de alguma realmente incrível pra contar. Quis que ele imaginasse o pé direito do meu quarto ficando transparente, e que pudéssemos dessa forma enxergar todas as estrelas daquela noite até que dormíssemos e os sonhos começassem. 

05 de Outubro

No dia 5 de outubro, só corri, corri e corri. com uma venda nos olhos, correndo entre os carros.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

04 de Outubro

No dia 4 de outubro adormeci no ônibus. um sono gostoso, pesado e revigorante. Quando acordei havia uma família ao meu lado e vi um dos moleques mostrando ao seu pai a igreja de Lourdes. "Olha o castelo, papai, olha o castelo!" com muita alegria, era assim que ele estava. Adormeci novamente e acordo com o anjo bomba no meu colo. sim, ele havia caído ali, estava ofegante e dormindo, tinha um corpo grande e forte, musculoso, mas pesava menos que um travesseiro de plumas. Ninguém me falou, mas eu sabia que era o anjo bomba que tanto profetizam. Dizem que até hoje ninguém conseguiu ver um anjo bomba caindo do céu; pois isso só ocorre quando absolutamente toda a humanidade está distraída ao mesmo tempo. trouxe o anjo bomba para minha casa e aguardarei ele despertar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

03 de Outubro

No dia 3 de outubro, por volta de 13 horas mais ou menos, saía de minha casa atrasado para meu trabalho, estava observando as pequenas samambaias que crescem naqueles buracos da calçada, quando acho um pequeno pires. inteiro, branco, o peguei e levei comigo, pois agora coleciono pires e xícaras. na mesma hora, passa de carro a Clarice, - Claclá, colega da minha graduação, que buzinou e me cumprimentou, sorrindo muito do carro. pensei: Como a Clarice é da escola de artes como eu não haveria de ter estranhado me ver catando lixo pois é normal que a gente daquela escola encontre coisas legais no caminho e leve pra transformar em outra coisa. talvez um sinal de que nosso olhar ainda não está tão cansado. Levei o pires comigo e comecei a pensar nessa coleção de xícaras que comecei. Sim, as quero muito agora. Não sei o que farei com as xícaras que juntarei. Às vezes penso que virarão uma instalação, às vezes componho desenhos e colagens com o que a xícara representa. E o que a xícara representa? Primeiramente a paz que procuro, é claro. Obviamente tudo isso que falo é algo lúdico. Não consigo imaginar maior momento de paz do que aquele em me sento para tomar meu chá. Eu acho o máximo quando Lady Gaga sai por aí com suas xícaras. A xícara é o lar que eu terei. é a família. é a paz que procuro. É aquela pausa no tempo, é a apreciação do tempo. Com uma música bem bonita e no volume baixo, sozinho ou com alguém querido. Não posso tomar um chá quando quiser, mas na hora apropriada. no momento perfeito. Eu quero xícaras bonitas, vintage, antigas, raras, exóticas. xícaras com cara de vovó. não quero um mini antiquário, mas reinventar histórias, quero plantar dentro delas, como já faço. quero conversar com cada uma. Na Savassi, onde trabalho, há vários antiquários com xícaras que não posso comprar. são as mais lindas, as mais caras. Daí eu penso que talvez uma ou outra por mês, eu possa comprar abrindo mão de alguma coisa ou outra. dá pra fazer. Enquanto seguia pro meu trabalho com o pires novo, lembrei da primeira xícara dessa coleção. Uma pequena, com desenhos de rosas que ganhei em Diamantina de uma senhora bem humilde que não me lembro o nome. Estávamos no bairro da Palha, região bem carente da cidade e eu precisava de uma xícara meio antiga pra fazer uma fotografia e não achava pra comprar nos mercadinhos do bairro. Então fui pedindo nas portas das residências e essa senhora foi a primeira a me ajudar, chamando pra entrar na sua humilde casa. uma casa tão simples, mas tão bonita, tão aconchegante e bem cuidada. decorada. que paz gostosa tinha ali. Eu deveria ter uns 30 reais na carteira esse dia e perguntei à ela, se ela aceitaria esse valor que eu tinha pra poder me vender uma xícara do seu conjunto. Ela se recusava, e dizia que eu poderia levar sem pagar nada e eu insistia. Eu, um estranho, estava ali com ela, sozinho na sua cozinha pedindo uma das suas xícaras de estimação. Era claro pra mim que havia paz ali. que seja por segundos, e como eu me senti bem alie feliz por absolutamente nada além da experiência da xícara. Essa xícara hoje está comigo, na minha janela, com suculentas plantadas dentro. Eu não me lembro o nome dessa querida mulher, mas desejo o melhor na sua vida e agradeço pela paz e alegria que a senhora me deu através do mais banal dos gestos. Foi assim, catando um pires na rua, que fiquei lembrando da senhora durante o dia, e com saudade de ficar na sua cozinha, assim como eu tenho de sentar e tomar um chá ou um café com meus pais. Obrigado por me resgatar essas lembranças e me recordar dessas possibilidades reais de paz e alegria no peito. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

02 de Outubro

No dia 02 de outubro, eu decidi voltar pra casa por outro caminho, na tentativa de encontrar o mercadinho de frutas do bairro aberto, mas não o encontrei. Antes de descer do ônibus, senti náuseas e vontade de vomitar, talvez pelos morros do meu bairro e do campus. Quase chegando em casa vejo uma trilha de formigas, de uns 6, 7 metros estendendo-se pela calçada e rua. Segui elas carregando suas folhas, até me distrair e quase ser atropelado na esquina de casa, mas está tudo bem. 


Outubro ou nada.

01 de outubro

No primeiro dia de outubro eu tive um sonho e acordei chorando muito. Eu iria ter 30 dias para pagar todas minhas dívidas. Debrucei sobre minha janela e senti o sol me aquecer, enquanto minha coluna doía.