terça-feira, 16 de julho de 2013
Comer manga de vez
Dormir com o barulho da chuva
Ver uma parede repleta de novos desenhos
Gozar dentro
Gozar fora, na cara
Acordar e ter café feito pra você
Cheiro de café
Tirar carrapicho da roupa
Sentar no banco do carona
Ser levado pra algum lugar desconhecido
Se descontrolar
Comprar uma roupa que ficou perfeita em você
Achar uma relíquia secreta no brechó de quinta categoria
Beber muito e não ter ressaca
Acertar no presente pro pai e pra mãe
Amanhecer com cogumelos no quintal
Achar casa de João-de-barro
Experimentar uma nova fruta
Fazer na frente do espelho
Beijar uma amiga
Ser aprovado no curso de idioma
Ajudar um cego atravessar a rua
Visitar um novo país
Achar fotos em livros antigos
Tomar relaxante muscular
Gravar playlist pra malhar
Mandar SMS avisando que chegou
Mandar SMS avisando que já saiu
Mandar SMS avisando que chega em 10 minutos
Mandar SMS pedindo pra descer
Mandar SMS avisando que vai atrasar
Pagar faturas de cartão de crédito
Encontrar caixas vazios
Inventar um apelido ridículo
Apresentar sua mãe
Apresentar seu irmão
Ganhar cuecas
Fazer massagem
Achar graça do mau humor
Dar uma de suas mais estimadas plantas
Passear com o cachorro
Dormir com o cachorro no meio
Comprar bichos de pelúcia
Fazer vista grossa
Fingir sonhar junto
Apressar o passo
Prestar contas
Lustrar os ícones
Trazer oferendas diárias
Simular saudade
Queimar a saudade
Evocar a saudade
Requisitar a saudade
Inventar a saudade
Viver de saudade
Viver de Bad Romance
Imaginar-se velhinhos
Imaginar-se juntos
Ser amigos
Ao menos amigos
Não guardar mágoas
Não desejar o mal
Desejar toda a felicidade do mundo
Desejar feliz Natal
Desejar feliz Ano novo
Desejar feliz Aniversário
Seguir cada um sua própria vida
Levantar a poeira
Escrever cartas
Rasgar cartas
Encher gavetas
Esvaziar gavetas
Amar pra sempre
Escrever.
Perguntar como está
Ter notícias
Falar.
Emitir sons. Respirar.
Sobreviver.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Meu professor de Jump foi a pessoa mais divertida, positiva e alegre que conheci esse ano. Sua alta energia é contagiante e não há como não entrar no seu embalo. Ele é um coroa interessante, deve ter seus 42..43..e eu acho que ficaria com ele sim, nessas quebradas da vida. Tem aquela beleza que eu gosto, não óbvia, é muito gentil e atencioso e tem uma really really hot ass. Quando estou pra baixo, gosto de ir pra sua aula e penso as coisas mais absurdas enquanto me derreto em suor. Gosto dele gritando bem alto o que fazer, gosto da seleção primorosa de músicas que ele faz pra aula. Me lembra as músicas que tocavam nas primeiras baladas que comecei a frequentar quando vim morar em BH. É uma grande festa, e tudo soa mais leve e divertido. Fico constrangido com suas mini aulas de salsa e forró no final do Jump pra relaxar e descontrair. Tenho dois pé esquerdos, tenho vergonha dessas danças mais complexas. Ele me pergunta sempre se faço algum tipo de Yoga ou algo do tipo, já que sento e fico quieto esperando a aula começar em posição de lótus, diria. Sou tímido e observo ele tirando onda com a cara das meninas que correspondem a uns 99% da aula. o resto são outros quatro alunos gays. Meu professor faz um gay bem caricato, quando descobriu que trabalho com artes visuais disse que além de ser professor de educação física também já trabalhou ou trabalha com teatro e artes (mostrou a decoração em papel de seda da festa junina da academia para exemplificar o tipo de arte que ele faz) .
Ele me diverte. Queria chegar aos 30 me sentindo bem melhor com meu corpo e sua aula faz isso parecer menos pesado, chato e inalcançável. Aos poucos eu notei que transformei essas aulas em pequenos refúgios. há dias em que entro em transe nessa academia pensando no futuro enquanto faço os exercícios. um transe, quase. não lembro de ter falado com ninguém ao invés do feliz professor. invejo seu carisma. Tenho dançado pouco com o passar dos anos, mas gosto de dançar (disfarçadamente) na sua aula, enquanto penso no que farei depois dali. Também tenho pensado muito na velhice, e no tipo de senhor que vislumbro ser. Será que é muito tarde pra querer aprender uma nova dança?
domingo, 14 de julho de 2013
as caixas
Não existe faxina sem a parte da bagunça, ainda mais pra pessoas que se acostumaram a viver com o caos como eu. o caos cria, na verdade, se a gente prestar atenção em como funciona o universo, perceberá que é o caos que é a lógica. que é através dele que a vida tomou forma. A gente é uma versão micro desse caos macro. é ilusão pensar em ordem, é ilusão tentar organizar a vida. mas a gente tenta e é necessário pra suportar e aprender a viver junto.
Assim é com as lembranças. Às vezes as deixamos jogadas de lado, com medo de encará-las e ter que lidar com elas, essa difícil tarefa. Temos vontade e medo de tirá-las daquele lugar escuro, daquela caixa de sapatos escondida no ponto mais alto do armário. Temos um certo respeito, pudor e luto por tudo que ficou guardado ali. Respeito. Temos culpa, temos força por ter conseguido alcançar esse estágio. Nos perguntamos todas as madrugadas se não devíamos ter jogado essa caixa fora e nos cobramos uma resposta clara e lógica: Por quê ainda guardamos? Por quê não jogamos fora de uma vez?
Porque estávamos esperando o dia como esse. Organizar. é impossível relatar o que acontece nesse momento. Uma coisa é fato: Os olhos enxergam melhor. os ouvidos escutam melhor. tudo se torna tão pequeno e tão grande pra aquela caixa ao mesmo tempo. Tudo soa novo e revigorante, mas totalmente reconhecível e seguro. É preciso dar valor em nossas caixas de sapato. São elas que nos fazem pensar, refletir e aceitar as coisas dessa vida, que nem sempre são como sonhamos. São essas pequenas ou grandes caixas que guardam além de ácaros, pedaços da nossa história. São essas caixas que não nos deixam esquecer o que somos, o que foi dito, o que sonhamos, a imagem que criamos de nós mesmos. A caixa de memórias pode ficar anos, décadas intacta. Mas uma vida sem caixas seria muito mais triste e inaceitável.
Às vezes ficamos dias sem reação após organizar as caixas. Ás vezes ficamos constrangidos e derramamos lágrimas de uma fonte que julgávamos seca. Ás vezes soltamos nossas caixas no mar ou a enterramos em um jardim florido. Ás vezes sentimos que aquela caixa não faz mais sentido e só ocupa espaço e a deixamos numa lixeira do condomínio. Ás vezes descobrimos gavetas secretas em nossos corações para colocar novas caixas para dormir.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
O AMADO
Como pode ser
gostar de alguém
e esse tal alguém
não ser seu?
-
Amado, 2013.
Intervenção urbana sobre cartazes de animais desaparecidos.
Desenho/impresso. Bairro Santo Antônio, Belo Horizonte.
Minas Gerais, Brasil.
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