quarta-feira, 13 de julho de 2011

88: Carta Cósmica para Diamantina





Antes da década de 30, as constelações eram definidas como agrupamentos de estrelas na esfera celeste* que, imaginariamente, formavam figuras de personagens como pessoas, animais, objetos ou seres mitológicos. Este conceito passou a ser inconveniente para o progresso científico do século XX.

Em 1930, Eugène J. Delporte propôs um novo conceito de constelação. Este foi adotado pela IAU (International Astronomical Union - União Astronômica Internacional) e continua em vigor até hoje, o qual determina que constelação é a divisão da esfera celeste, geometricamente, em 88 regiões ou partes. De maneira que, olhando para o céu de dentro da esfera celeste, qualquer objeto celeste que estiver na região de uma constelação, além das estrelas da mesma, é considerado parte da constelação. Esse objeto pode não ter qualquer tipo de ligação astrofísica com os outros objetos pertencentes à constelação.

O ser humano desde a antiguidade possui curiosidade a respeito do céu estrelado. Isto é evidenciado em inscrições e construções antigas. O céu era visto com certo espanto, receio, admiração e respeito. O desconhecimento das causas científicas dos fenômenos astronômicos instigava o ser humano a destinar valores divinos aos astros celestes.
Fonte: http://www.observatorio.ufmg.br


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you never know what you will find
because stars don't shine in singular places.

Kylie Minogue


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88 is the number of constellations in the sky as defined by the International Astronomical Union that divides the sky into 88 official constellations with exact boundaries, so that every direction or place in the sky belongs within one constellation.

The number 8 is the symbol of the infinity, so 88 symbolizes the double directions of the infinity of the universe, that is to say the infinitely small and the infinitely large.

“My mascara runs in constellations for you dear, my dear. If only I could outer space my brain for a minute I’d think clear” (GAGAKOH – Future Love).



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Este projeto para residência se propõe a construir, através da experiência de ocupação dos espaços expositivos, um conjunto imagético a partir de símbolos e ícones relacionados com a história da cidade de Diamantina e seu imaginário, assim como contaminações desses elementos locais com outros campos, e ou territórios culturais: a cultura pop, o barroco, a Universidade que se instala na cidade, as idiossincrasias visitantes-moradores, o fluxo e contexto do Festival de Inverno, entendidos como substratos poéticos.

Utilzando o desenho gráfico como base para esse trabalho, serão coletadas primeiramente em fotografias, símbolos, detalhes arquitetônicos, pessoas, personagens, elementos da fauna, flora e do relevo da cidade, para posteriormente criar os desenhos que serão a estrutura para a construção da carta cósmica, um mapa imaginário de constelações novas, graficamente dispostas conforme os mapas antigos de Hevelius (1690) para a representação do céu. Além do registro prévio fotográfico, será feita também apropriação de imagens provenientes de livros, jornais, documentos, revistas, material publicitário, além da internet como fontes para a construção das figuras presentes na Carta Cósmica.

O sentido de Céu, mapa, neste caso, não se refere à localização física, geográfica das coisas e pessoas. Busco criar um mapa gráfico-metafórico para o fluxo humano que se estabelece no contexto do festival e suas conexões subjetivas com todos os participantes deste cenário: visitantes, a história da cidade e seus moradores, os mitos, e os elementos “intrusos” que trago comigo e os que encontrarei neste processo.

Não há uma organização e seleção prévia dos elementos e signos que farão parte do que seria essa narrativa gráfica. A construção do mapa celeste se fará a partir do desenvolvimento e coleta das imagens no próprio contexto da residência. A imprevisibilidade é uma ferramenta e parte dessa investigação.

A escolha estética pela representação gráfica de constelações se baseia em uma vontade de experimentar o que seria uma paródia da memória e uma requisição mitológica para os dias atuais e investigar qual o sentido e reflexões possíveis dessas imagens. Criar novos mitos a partir dos já existentes, identificar figuras mitológicas dentro do folclore diamantinense. Imagens criadas a partir do mesmo pressuposto dos povos antigos, como ilustrações no céu das lendas e história de seus deuses, e seus arquétipos. Neste vasto território, essa busca que se disfarça (traveste) de levantamento do universo mitológico que ora é inventado, ora não, se fixa como uma experiência de imersão e envolvimento poético e visual com tudo que a cidade oferece para a cristalização do trabalho como um todo.

Além do levantamento para a criação de cada uma das imagens é intrínseco neste processo a exploração dos tipos de materiais usados para a confecção das mesmas. Investigar as possibilidades gráficas e pictóricas que serão encontradas no cenário diamantinense e como estas imagens se comportam e se adaptam nos meios e suportes disponíveis, como um desafio visual.

Este trabalho é um prolongamento dos resultados de uma pesquisa gráfica com os símbolos do espaço e sua fusão com outros elementos subjetivos, conforme estão nas imagens inseridas neste memorial. É importante destacar que essa proposta se abre para outras pessoas, sejam moradores, turistas e participantes do Festival que sintam vontade de entrar na criação do mural de Constelações, assim como criarem suas próprias, agregando seus personagens, mitos e ícones, expandindo as fronteiras poéticas e tecendo novas narrativas para a Carta Cósmica.


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