terça-feira, 30 de junho de 2009

corpo

Pois bem. é preciso estabelecer um começo para falar deste corpo. É preciso se orientar em algum ponto de suas curvas para que não nos percamos, como no oceano. Corremos o risco de nos afogar nas fendas profundas que são encontradas quando nossos oceanos de epiderme se encontram. todo o resto não é mais importante. Então meu porto seguro será a idéia de posse. a possibilidade da rotina, de tomar este corpo como meu.
Levo comigo a saudade, o cheiro, o atrito suave e quente. impregnados em minha carne, temperados com seu sangue, fluidos e salivas acredito que já estou pronto para uma nova jornada.
Tento imaginar onde irei, se essa nau chegará a terras jamais exploradas, escondidas, esperando serem descobertas em algum canto desse mundo secreto e fabuloso criado por nós. Lá existe uma praia, onde se ouve o som das ondas cheias de espuma e sal batendo nas rochas e na areia. essa areia, eu lembro, tem a mesma temperatura daquela primeira vez que coloquei os pés em um oceano. e lembro de me deixar guiar pelas suas bordas, quando o mar as vezes subia até o joelho, as vezes até o tornozelo.
Nessa praia, eu me deito, e espero você chegar. Cada noite deitado na praia, inventando constelações, sentirei sua brisa, o seu perfume chegando, cada noite mais forte e doce. Quando você chegar, deitaremos juntos na areia, e viraremos sementes, viraremos planta. morreremos ali, nossos corpos voltarão a ser o que um dia foram, mineral, solo, poeira, pó.
enquanto vagamos por túneis em outros mundos que não este, relembraremos das etapas que nossos corpos passaram. e iremos nos divertir tentando adivinhar quais formas de vida nossos corpos irão ter daqui a pouco, quando nascermos de novo.

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