É muito material pra pouca gaveta. É muita imagem pra guardar. Acredito que terei certos cartões, cartas e presentes do meu lado para todo o sempre. E as gavetas..é muito sentimento confuso pra se organizar, e quem me conhece sabe que organização não é minha maior qualidade.
As gavetas..os lugares das coisas. Pessoas pra serem engavetadas. Ódios e amores. Presente e esquecimento.
Sinto-me sufocado, atordoado.
Não sei o que jogar fora, não sei o que por na gaveta, na caixinha de madeira. Já não sei mais. Questiono se ainda sinto carinho por aquele postal, por aquele flyer daquela noite, daquela nossa noite. Multiplique os flyers, as noites, as voltas pra casa. Multiplique tudo por todas as pessoas que você pode conhecer nesse mundo.
Talvez não haja espaço pra tudo. Nem pras coisas que um dia achamos mais lindas. Por mais gavetas que se criem, por mais arquivos que providenciem, alguns serão sempre arquivos mortos, nessa ânsia de querer guardar tudo no coração.
Talvez os tesouros mais raros e valiosos sejam bolhas de sabão. Geometricamente perfeitas, lindas, delicadas, tão delicadas. Não permitem serem guardadas em nenhuma gaveta, jamais. o sentido de existirem é causar deslumbramento em nosso olhar e nos fazer sorrir só pelo fato de existirem, por segundos, e com sorte minutos.
Quando reviro as gavetas, sinto todo o tipo de sentimento. Saudade, ódio, mágoa, e uma necessidade de me acertar com muita gente. Pedir desculpas a quem ando grosso e frio, dizer o que sempre tive vergonha, concluir aquele absurdo de projetos, esboços e planos que nunca saíram do papel.
Mas quando chega o esgotamento, tento me lembrar agora da ultima vez que soltei bolhas de sabão. Mas não consigo me lembrar.
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2 comentários:
paloma trevor estah presa em uma delas... qual será?
Tcheu te falar minha opinião. Posso?
Gavetas só servem pra gardar aquilo que a agente usa todo dia (ou toda semana). Não serve pra guardar aquilo que é realmente guardável porque o que é guardável, sinceramente, é jogável.
É minha opinião, tá?
Sou pisciano como você mas meu ascendente é capricórnio, o que me impele a substituir sempre o novo pelo velho.
Eu tou sempre mudando de cidade e colecionando amigos por onde passo e não tenho pesar nenhum de deixá-los pra trás na próxima mudança porque entendo que a vida é assim. Mais valioso que tentar guardar as coisas (como se lembrança dependesse disso)é vivenciar toda a glória da bolhinha e se jubilar quando ela acaba. Ainda bem que ela dura só uns segundos. A lembrança dela dura o tempo que durar a sua vida.
Eu não guardo nada. E se acontecer de algo estar guardado há mais de 6 meses e sem uso, jogo.
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