quinta-feira, 29 de novembro de 2007

MISS KITTIN VEM AÍ




MAIS UM artista que eu gosto, vai lançar coisa nova em 2008, e é a Miss (louca) Kittin! pra quem curte um electro, vale a pena baixar o single de Kittin is High (sugestivo, não), e suas letras cheias de snifngs, champanhe e outras coisinhas poser estão de volta. o Album BAT BOX deve ser lançado na primavera de 2008. voce pode ouvir Kittin is high no site dela, clicando nos morceguinhos loucos, ou baixar nesses links que eu encontrei aí. achei muito bom! se joga!

http://www.misskittin.com/

baixe o single: http://www.enmixed.com/2007/11/21/miss-kittin-kittin-is-high-vinyl-2007-download/


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

vem cd novo de Moby aí




será que ele felizmente se cansou de bancar o roqueiro? Será que os maravilhosos samplers voltarão? notícia do rraul: Moby lançará álbum novo em março de 2008
Produtor nova-iorquino se inspira em seus DJ sets para criar "Last Night"
20.11.07 15:15
É o tipo de notícia que sempre anima. Sem frustráveis pretensões indie-rockers ou sei lá, world music, o produtor nova-iorquino Moby, relegado nos últimos tempos à uma corriqueira rotina de sets em clubes americanos e festivais europeus, revelou em seu blog que tocar novamente como DJ é a inspiração principal de seu próximo álbum, Last Night, a ser lançado dia 10 de março pela EMI. É a primeira reunião de novas faixas depois de sua recente coletânea Go - The Very Best of Moby

O álbum está sendo finalizado em seu estúdio particular em Manhattan, com mixagem de Dan Grech-Marguerat, que já trabalhou com Radiohead e Scissor Sisters. O CD de 15 faixas, que não se sabe ainda se será também lançado pela Mute Records, já tem um sugestivo single na gaveta, "Everyday It's 1989", que terá como b-side uma faixa presente no MySpace do careca, a ácida e raver "The Stars". Dançante, de fato, com sua tradicional repetição de vocais de soul music -

www.moby.com
myspace.com/moby

GUEST LIST
O rol de convidados de Last Night é basicamente de artistas negros: o grupo nigeriano 419 Crew, o MC inglês Aynzli e a americana Sylvia, do grupo Kudu. A principal atração da lista é o MC Grandmaster Caz, um dos compositores do clássico do hip hop "Rapper's Delight". Ele canta na faixa "I Love to Move in Here".

Fala, Moby: "É um pouco mais orientado para as pistas do que meus últimos álbuns, provavelmente como resultado de todo o DJing que eu tenho feito recentemente".


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

eu sou apaixonado pelas artes gráficas da Uffie!

NÃAAAAAAAAAO!!!!!

artworks do dia


"Homem/Letra" 2006- colagem, nanquim, papel picado, xerox.


sem título - 2006 - colagem, nanquim, papel, xerox.


POLÊMICA


Bienal de 2008 promete abrir as portas sem expor obras de arte


Márcia Abos - O Globo Online

SÃO PAULO - A maior Bienal de Arte da América Latina está doente e vai passar literalmente por uma quarentena em sua próxima edição. O diagnóstico e a prescrição são do próprio curador da 28ª Bienal Internacional de São Paulo, Ivo Mesquita, que anunciou nesta sexta-feira que a mostra abrirá as portas ao público em outubro de 2008 sem expor uma única obra sequer. É polêmica à vista.

- Estou propondo um debate, chamando para uma conversa. Resolvi assumir e dar a cara para bater. É uma Bienal bastante polêmica e entendo se ela for controversa. Não haverá exposição no sentido formal. Odiaria ter que fazer uma exposição tampão, convidando artistas sem fazer uma pesquisa. Tive dez meses para preparar a Bienal, quando o prazo normal é dois anos. Fiz o que pude no tempo que tenho - disse Mesquita, que é o atual curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

" É uma Bienal bastante polêmica e entendo se ela for controversa. Não haverá exposição no sentido formal "

De acordo com o projeto de Mesquita, a 28ª Bienal vai durar 42 dias - o período clássico da quarentena. O térreo e o primeiro pavilhão do prédio serão transformados em uma praça. Os caixilhos e vidros que fecham a rampa de descida e o térreo serão removidos, seguindo o projeto original de Oscar Niemeyer. Nestes espaços, podem acontecer performances, concertos, apresentações de teatro, exibições de cinema e vídeo e shows. O segundo pavilhão estará totalmente vazio. O terceiro andar vai abrigar uma imensa biblioteca, contendo os arquivos de todas as Bienais de São Paulo desde a primeira, de 1951, e catálogos com informações sobre as cerca de 200 bienais de arte que existem hoje no mundo.

- A Bienal é um modelo de exposição do século XIX e estamos no século XXI. É preciso parar e repensar o que este modelo está fazendo e que tipo de imagem de arte ele passa. Será um exercício de reflexão sobre qual o lugar da Bienal hoje. Não acho que o modelo esteja esgotado, mas que ele precisa ser revisto. Estou propondo uma reflexão. Sei que estou fazendo uma curadoria mão pesada, pois teremos uma única instalação, que será o próprio prédio da Bienal, reformado segundo a proposta original de Niemeyer, e o imenso vazio do segundo pavilhão - explicou Mesquita.

A escolha do curador e do projeto da 28ª Bienal sofreu uma atraso de mais de um ano devido à profunda crise pela qual passa a atual administração da Fundação Bienal de São Paulo, presidida por Manoel Pires da Costa. Ele foi acusado de nepotismo ao contratar a seguradora na qual trabalhava seu genro, e uso da Fundação em benefício próprio, por usar serviços editora da qual é dono para prestar serviços à Bienal.

" A Bienal de São Paulo tem graves problemas institucionais e de gestão "

Alguns artistas até hoje reclamam que não receberam pagamentos da Fundação e um dos catálogos que trata dos seminários ocorridos na 27ª Bienal ainda não foi publicado. Manoel Pires da Costa passou a maior parte da entrevista de apresentação da 28º Bienal defendendo-se destas acusações, que segundo ele são quase todas mentirosas e motivadas por objetivos políticos de adversários que queriam seu cargo. Disse que foi inocentado das denúncias pelo Ministério Público.

- A Bienal de São Paulo tem graves problemas institucionais e de gestão, mas é a segunda maior e mais antiga do mundo. Sua importância permite que ela lance luz a todas as outras bienais do mundo. É tão importante quando a Bienal de Veneza - explicou Márcio Doctors, curador da Fundação Eva Klabin.

" Não quero ser lembrado como o curador da Bienal que não fez uma exposição "

Doctors apresentou uma proposta para ser o curador da 28ª Bienal, mas acabou retirando sua candidatura. Chegou a cogitar fazer a curadoria em conjunto com Ivo Mesquita, dividindo a Bienal em doia períodos: a primeira parte em 2008, que abrigaria seminários e debates, e a segunda em 2010, quando aconteceria a exposição de fato.

- Não quero ser lembrado como o curador da Bienal que não fez uma exposição, por isso desisti da curadoria. A fragmentação do projeto original esvazia a noção de vazio criativo, fazendo com que o vazio seja sinônimo de nada - disse, explicando ainda que seu projeto visava preservar a Bienal em um momento de crise. No entanto, ele acredita que a fragmentação do conceito original em dividir a Bienal impedirá a compreensão do público.

- Tendo o projeto completo, as pessoas entenderiam o conceito. O segundo pavilhão vazio seria até uma afirmação de força. Com o projeto fragmentado, perde-se a clareza do conceito - concluiu.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

SHOE ME os blogs

ha um certo tempo comecei a criar gosto por ler blogs, tanto que vc está lendo o meu agora. tinha uma certa preguiça, mas agora realmente tenho achado a coisa mais divertida. bem melhor q orkut e fotolog, que me cansaram e deletei as contas. ( e não pretendo voltar ).

desde então tenho reparado na moda dos blogs de "gongação", que pessoas criam um perfil, geralmente gay e detonam as celebridades. o primeiro que comecei a assistir foi o PApel Pobre que acabou, apos 2 semanas eu o acompanhando. era super divertido, o humor ácido da Katy. ai veio PApel Podre, esse mais agressivo e forte, acabou. veio Modellon, acabou. lia o BE a Gay, deu ferias indeterminadas. porem, talvez seja um vício, mas sempre que um legal acaba, vem otro pra substituir por um tempo. assim a rotina dura do dia passa mais rápido, e vc consegue se distrair dando boas risadas, isso que acho legal nesses blogs, o fato de ser uma grande brincadeira.

morro de preguiça desse pessoal q leva a serio e cria brigas pq fulano copia as falecidas, pq fulana isso, aquilo, essa guerrinhas desses blogs.

os novos blogs de gongaçao q tenho lido sao o Shoe me e o Plastico Rico. O Plastico eh leve, engraçadinho até. uma especie de homenagem ao Papel Pop.

agora, o Shoe me é fantastico. gonga, mas tem estilo proprio fino, tem mais eu diria, "conceito". a Sarah, dona do blog sempre intercala as alfinetadas nas celebridades, com otimos textos, crônicas, causos e suas sugestoes, sejam de músicas, filmes, são sempre de muito bom gosto e qualidade. vc nota a simpatia da pessoa na jeito q escreve. ja sou fan.

os links sao

http://plasticorico.blogspot.com/

http://shoe-me.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

arte e DNA arte do corpo

publico na íntegra o texto extremamente provocante sobre o que anda acontecendo ultimamento no mercado de arte.

confesso que achei um tanto assustador.

FONTE: revista Trópico













Pendure seus genes na sala
Por Paula Sibilia



A obra de arte perdeu sua aura, constatara Walter Benjamin em seu célebre ensaio de 1935. Essa enigmática mistura de extrema proximidade e profunda distância que caracteriza toda criação artística teria sido acuada pelos avanços das técnicas de reprodução mecânica e a suposta desaparição do original1.

Com um otimismo que aflorava da mais áspera melancolia, naqueles longínquos anos 30, Benjamin entrevia um futuro sombrio para as belas artes da era burguesa, mas não deixava de admitir que algo de muito novo poderia advir dessa catástrofe. Mais de sete décadas depois daquelas lúcidas e polêmicas reflexões, nos agitados tempos atuais, algo deveríamos poder dizer sobre as decorrências daquele desafio.

Em uma época em que a produção seriada, o mercado de massas e a “reprodução técnica” perdem prestígio por conspirarem contra a distinção, com suas tendências padronizadas que tudo homogeneizam, hoje proliferam as estratégias mercadológicas de singularização do consumidor. Assim, com a gradativa segmentação dos públicos e a customização dos diversos produtos e serviços, exacerbou-se uma ânsia renovada por possuir qualquer coisa de original, única, autêntica, exclusiva. Algo que, de algum modo, seja (ou que pelo menos pareça) envolto em um halo tão raro como bem cotado na contemporaneidade: sim, a velha aura.

Nestes alvores do século XXI, portanto, aquilo que ainda chamamos “arte” se fusiona incestuosamente com as fábulas da tecnociência e com as maravilhas do marketing, para dar a luz a fenômenos inusitados, tentativas de resgatar, a todo custo, aquela aura fatalmente perdida -e de vendê-la, é claro.

Em um discreto rodapé da versão revisada do seu artigo, Benjamin chegou a mencionar um possível desvio da aura agonizante. Aquela misteriosa qualidade única poderia se deslizar do objeto artístico em direção ao colecionador: esse adorador de fetiches que, “pela própria posse da obra de arte, participa de seu poder cultural”2.

Graças ao mero fato de possuir um objeto com aura, o colecionador sente-se ele mesmo um pouco aurático. E o que dizer se esse brilho evoca, mesmo que de forma remota e confusa, o âmago mais profundo dele próprio, o cerne vital do feliz possuidor dessa obra de arte? Pois melhor ainda, evidentemente.

Por isso não surpreende, neste contexto, que os “quadros de DNA” sejam os “produtos de arte” mais vendidos dos últimos tempos. Trata-se de grandes telas que representam o perfil genético de seus proprietários, em cores vibrantes e formatos à medida.

Para além da duvidosa qualidade artística, porém, a sua validade científica é nula, pois de fato essas obras não contêm material orgânico ou código genético algum. Trata-se apenas de uma representação pictórica dessa informação, sem nenhum valor forense ou científico. Mas esse detalhe não impediu que se convertessem no último alarido da moda artística, pois curiosamente não parece ser nem a ciência nem a arte o que interessa aqui, mas outra coisa. O quê, então? O reluzente ego do consumidor -ou do “colecionador”.

Não por acaso, quadros desse tipo “já adornam muitos dos restaurantes mais badalados do mundo”, além de marcarem presença “nas casas de celebridades, colecionadores de arte e executivos de grandes empresas, e de outros que reconhecem a qualidade única destas obras de arte”, confirmam, orgulhosos, seus criadores. A mídia também adorou a novidade, com extensas reportagens em meios como o “New York Times Magazine”, HGTV, “Today Show” e MSNBC.

Enquanto comemora o sucesso, a empresa responsável pela brilhante idéia -a canadense DNA11- explica que sua tarefa consiste em criar “arte abstrata personalizada e original, a partir de uma amostra do seu DNA ou de suas impressões digitais”. Cada peça é única “como você”, garante a firma: “pessoal, bela, absolutamente singular”. Por isso, um dos idealizadores da iniciativa, Nazim Ahmed, explica que suas criações se destinam “àqueles que desejam possuir uma representação exclusiva do que eles são”.

Mas, por via das dúvidas, se por acaso você não gostar do resultado, eles se comprometem a devolver seu dinheiro. Nada se perde, então, caso a expressão pictórica do seu genoma não for tão bonita como você esperava, ou se o resultado final não combinar muito bem com o mobiliário do seu lar. No entanto, quem ousaria ignorar essas “obras-primas modernas que são realmente os retratos intemporais deste milênio”, sabendo que elas se inspiram nas entranhas de suas próprias células e são capazes de exibir esses tesouros na parede da sala?

“Vivemos na era da personalização da massa”, explica outro membro da equipe, Adrian Salamunovic. “Já ocorre com os jeans, com os sapatos o com os carros.” Por que não com o elegante universo das artes? No site da empresa (http://www.dna11.com/), cada um pode escolher as diferentes cores, formas e dimensões das telas onde seu código genético será gravado. Ou, se preferir, pode encomendar um quadro realizado a partir de outro de seus traços únicos, embora um pouco mais demodê: as impressões digitais do seu polegar. Difícil resistir, então, à tentação de clicar no botão vermelho que diz: “Crie o seu”.

Talvez convenha lembrar, aqui, o que aconteceu com um dos pioneiros dessa onda da customização geral: o caso dos tênis Nike. Já faz alguns anos, essa empresa lançou uma campanha através do seu site, que permitia aos consumidores comprar tênis com qualquer palavra impressa, salvo termos preconceituosos ou palavrões. Mas um cliente espirituoso resolveu escolher “sweatshop”, uma expressão que designa as fábricas instaladas em países pobres que exploram crianças em condições próximas da escravidão.

A Nike, que sabidamente recorre a esse tipo de serviços, rejeitou a encomenda por considerar o termo “ofensivo”. É fácil deduzir, porém, que não é precisamente a palavra que é ofensiva, mas a própria existência de tais fábricas e o fato de serem utilizadas pela Nike. Quando o cliente contrariado resolveu divulgar as mensagens de e-mail trocadas com o pessoal da empresa, o caso se tornou famoso e virou um desastre para a Nike, que pensou seriamente em terminar com essa história de “personalização”.

Assim, no meio do caminho entre os tênis customizados da Nike e as sisudas pretensões da arte contemporânea, os quadros de DNA percorrem confortavelmente seu trajeto entre as belas artes e os bons negócios. Longe dos milhões de dólares que costumam faturar as peças assinadas pelas celebridades atuais da cena artística, os coloridos quadros genéticos custam apenas algumas centenas de dólares. Mas a quantidade compensa os dígitos que podem faltar, pois a demanda pela “arte personalizada” não pára de crescer.

Desde 2005, quando tudo começou, já foram vendidas milhares de telas para clientes de mais de 50 países. Nada mal: o negócio cresce a um ritmo de 20% ao mês. Hoje em dia, os retratos genéticos se encontram entre as mercadorias mais vendidas na loja do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, que ainda incluiu as criações da empresa canadense em sua cobiçada lista dos “produtos de design mais inovadores do mundo”.

É inegável que o DNA está na moda. Desde o estardalhaço midiático do Projeto Genoma Humano, o código genético se converteu na metáfora privilegiada para aludir à “essência” do que quer que seja. É ali que se esconde a verdade sobre cada um de nós. Nesses minúsculos enigmas codificados no interior das próprias moléculas, os genes teriam a capacidade de explicar a singularidade do que se é. Mesmo que tal linguagem ainda seja incompreensível e mesmo que os tais quadros não mostrem mais do que “uma imagem bonita, uma firma única, porém sem dados científicos”; ou seja: uma recriação visual, livre e falsa, dessa informação biológica individual... mas parece haver algo de aurático nessa exclusividade.

“Além disso, há uma grande explosão de interesse na ciência forense”, acrescenta com entusiasmo o mencionado Salamunovic. “Hoje os seriados de ficção sobre investigação policial e o DNA são um sucesso.”

Um desses programas de televisão, aliás, mostrou um quadro da DNA11 em um episódio recente. De acordo com o enredo, uma mulher suspeita de ter cometido um crime é detida quando os policiais decifram seu perfil genético a partir da pintura, sem necessidade de solicitar una ordem judicial ou de analisar qualquer material orgânico. É claro que isso jamais poderia acontecer na realidade, como a própria empresa esclarece... Mas quem se importa com isso? As vendas se multiplicaram após a emissão do seriado: todo o mundo quer ter o seu.

Considerando o sucesso da empreitada, é claro que a canadense DNA 11 não possui o monopólio desse mercado tão promissor. A companhia DNA Art Forms (http://www.dna-art.com/), de Nova York, também entrou no negócio, e é ainda mais audaciosa na sua proposta de fazer “arte personalizada”. Em vez de simplesmente imprimir as linhas e barras do código do cliente, a artista Catherine Dapra Zawierka pinta seu perfil genético e logo acrescenta na tela algumas impressões baseadas em conversas com os “retratados”, que podem ser indivíduos ou casais, famílias, grupos etc. Todo um mercado que se amplia, com o DNA como ponto de partida.

Assim, essas obras de arte personalizadas são o resultado de um trabalho interativo entre a artista e os clientes: “A viagem artística começa com você”, diz a apresentação do serviço no site da DNA Art Forms. “Criamos arte a partir das regiões únicas do seu DNA, da maneira original com que este é visualizado”, mas além disso “acrescentamos outros elementos e abordagens criativas, a fim de realizar uma obra de arte completamente personalizada que representa você”.

É claro que, neste caso, o preço aumenta: as versões mais básicas custam R$ 2.000. Mas, como se sabe, o dinheiro não é tudo nestas arenas. “Para mim, a maior recompensa do processo é a intimidade que provém de explorar a comunicação da sua individualidade”, diz a artista, “o ADN é apenas o começo”. O pior é que é verdade! A jazida desta “arte personalizada” se insinua inesgotável, com sua capacidade de explorar a nossa confusa mitologia tecnocientífica para tirar proveito do narcisismo do consumidor contemporâneo, tão sedento de aura como de distinção.

O negócio está apenas começando, mas já há outros nichos de mercado sendo explorados com muita audácia e visão de futuro, tais como os anéis confeccionados com osso cultivado, por exemplo. Trata-se das biojóias, um produto especialmente recomendável para os casais apaixonados.

Os bioanéis são elaborados com matéria óssea extraída da mandíbula ou de outras partes do corpo dos corajosos clientes, que depois é cultivada em laboratório. Com o passar do tempo, o tecido irá sedimentando nos moldes especialmente desenhados, com forma de anel. As jóias combinam essas formas lavradas em osso com metais preciosos tradicionais, “para que cada membro do casal tenha um anel realizado com o tecido do seu parceiro”. Os primeiros modelos já podem ser apreciados no site da Biojewellery (http://www.biojewellery.com/), fruto de uma parceria entre bioengenheiros do King College de Londres e designers do Royal College of Art.

Estes curiosos objetos tão contemporâneos parecem evocar, de maneira longínqua e nebulosa, as antigas relíquias cristãs. Aqueles fragmentos dos corpos de beatos e beatas de tempos imemoriais, carregados da aura mais sagrada, eram expostos respeitosamente junto aos altares das igrejas, em vitrines tão douradas como silenciosas. Hoje, porém, os relicários são feitos à medida do consumidor, em diversos tons e tamanhos (combinando com os sofás da sua sala). Além disso, podem ser comprados a prazo por qualquer um que disponha de um cartão de crédito... e ninguém sonha com ser nenhum santo. Mas, pensando bem, por que não um pequeno deus do espaço doméstico, nos tons pastéis desta temporada?


link-se

DNA11 - http://www.dna11.com/

DNA Art Forms - http://www.dna-art.com/

Biojewellery - http://www.biojewellery.com/

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Paula Sibilia
É professora do Departamento de Estudos Culturais e Mídia, do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (IACS-UFF). Doutora em Comunicação e Cultura pela ECO-UFRJ e em Saúde Coletiva pelo IMS-UERJ, é autora do livro "O Homem Pós-Orgânico: Corpo, Subjetividade e Tecnologias Digitais".

1 - Benjamin, Walter. “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica” (Versão original, 1935). “Obras Escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política”. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1986.


2 - A revisão do artigo original teve início em 1936, mas só foi publicada vários anos depois do falecimento do autor, ocorrido em 1940. Benjamin, Walter. “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica”. (Segunda versão). In: Costa Lima, Luis (org.). “Teoria da Cultura de Massa”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 229.