Lembrança dos cabelos
Me lembrei das tardes de sábado que meu pai me levava com meu irmão para cortar o cabelo, cruzando a cidade. Era uma rua grande, com muitas e belas árvores. Eu e meu irmão vivíamos um tempo em que nossos cabelos estavam sempre da mesma altura e com o mesmo corte. E isso se repetia por vários anos. A rua ainda existe com poucas árvores agora. Meu pai conversava com o dono do salão enquanto eu lia revistas enquanto espera minha vez. E eu acho que o salão ainda permanece lá, sem meu pai, sem meu irmão e sem mim. E isso não importa para as árvores dessa rua. Meus cabelos e os cabelos do meu irmão não crescem mais juntos também. Ele usa da forma como ele quer e eu deixo o meu como eu quero também.
Lembrança das gelatinas
Me lembrei de noites quentes em que minha mãe preparava gelatinas pra mim e meu irmão. Éramos bem pobres e era raro comer gelatina, coisa rara pra gente. Lembro das primeiras vezes em que ela fazia gelatinas e da minha ansiedade em provar logo. Eu ia de minuto em minuto abrir a geladeira para conferir se ela já não estava mais líquida, pois queria comer logo as gelatinas. Minha dizia que deveria ter paciência e esperar, pois gelatinas só tomam forma de gelatina após horas, e como era noite, só poderia comer a gelatina na manhã seguinte. Era feliz o dia que ela fazia isso. Hoje fiz gelatinas, uma tem cor azul, que não existia no meu tempo de criança. As gelatinas estão na geladeira e só poderão ser comidas amanhã cedo e eu não ficarei mais ansioso por esperar. Também não sei se terei alguém amanhã para dividir as gelatinas.
Um comentário:
meus olhos mareiam sempre que entro no seu blog
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