terça-feira, 31 de janeiro de 2012

LIKE A FLOWER





Martin Muller





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HÁ UMA LUZ QUE NUNCA SE APAGA

Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore

Take me out tonight
Because I want to see people
And I want to see lights
Driving in your car
Oh please don't drop me home
Because it's not my home
It's their home
And I'm welcome no more

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine

Take me out tonight
Oh take me anywhere
I don't care, I don't care, I don't care
And in the darkened underpass
I thought "Oh God, my chance has come at last"
But then a strange fear gripped me
And I just couldn't ask

Take me out tonight
Take me anywhere
I don't care, I don't care, I don't care
Just driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Oh, I haven't got one

There is a light that never goes out
There is a light that never goes out
There is a light that never goes out
There is a light that never goes out


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

o outro

atordoado

Não voltar pra onde na verdade eu nunca havia saído.
Não lutar contra uma força que é muito maior que eu.
Não reencontrar o que na verdade nunca foi perdido.
Acordar sem ar, sem chão e sem rumo e ainda assim sorrir.
Um sopro de vida que preenche o peito. um sopro que se transforma em tufão e que parece me explodir por dentro. um tufão que tem a leveza de uma brisa do mar.
nada mais importa.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

24 horas e 3 portas

Nesse corredor escuro, frio e asfixiante existem 3 portas.

a primeira porta é a de cor lilás, que corresponde ao sentimento da melancolia e da espera. Quando entrei ali, não encontrei mais aquele homem em posição fetal que sempre dormia naquele quarto. O homem parecia ter acordado da letargia em que se encontrava quando o conheci, e estava em constante movimento, fazendo malas e separando documentos para o próximo check in. Ele não era mais um homem melancólico. era um homem do mundo dos homens, ele havia voltado à matéria, ao concreto, ao sinal 3G. Este homem havia se resolvido, e dava claros sinais de que ele havia se cansado de uma vida inteira de melancolia. sua poesia agora era medida, pensada, calculada e cuidadosamente direcionada. Ele havia se tornado um homem comum. e eu me transformei nele naquele instante. trocamos nossas almas, mas ele não se importou com isso. continuou suas tarefas. O homem da sala lilás não havia notado minha presença. Deixei com ele minhas chaves e meu número de telefone. Fui embora dali, um pouco chateado e ansioso, mas ao mesmo tempo confortado pela idéia de que eu não teria mais nada a perder.


a segunda porta é a de cor azul, que corresponde ao sentimento da verdade. Quando entrei ali encontrei o homem do espelho. Ele passou todos seus anos olhando para o seu próprio rosto em frente ao espelho já cheio de manchas e descascados, focando em um ponto que se perdia no nada, focando outra vez, e outra, e outra.. Era triste o olhar de cansado daquele homem que procurava a verdade, o sentido, o valor original de sua essência. Ele simplesmente queria achar uma pista naquele espelho. uma pista do seu self. Ao mesmo tempo a ideia de encontrar um monstro o deixava paralisado e em choque. ele tinha medo do que poderia encontrar, por isso desviava seu olhar para o nada de propósito. ele apenas enxergava, ele se recusava a ver. Quando ele me olhou, ele sorriu. e quando ele sorriu, eu o abracei e o chamei pra dormir comigo, pois ambos estávamos bem cansados. Quando nos deitamos, não consegui dormir, e passei a noite em claro, observando suas costas. me coloquei a uma distância para captar toda o comprimento dos seus ombros. eram costas bonitas, mas meu olhar também se perdeu ali, como o olhar dele se perdia no espelho. Desejei mais do que nunca que o dia amanhecesse para que pudesse voltar pra minha casa. foi isso que fiz assim que os pássaros começaram a cantar. saí angustiado e triste dali, mas conformado pelo fato de que eu não tinha mais nada a perder.

a terceira porta é a de cor laranja, que corresponde ao sentimento da vertigem. Eu ainda não entrei nessa sala, mas como a porta está entreaberta, eu consigo ouvir a voz do homem que guarda essa sala. ele é sereno, mas firme, percebo isso pela sua voz. nos comunicamos eu aqui de fora, e ele ali dentro. foi por causa da sua voz que eu entendi o que significa viver de vertigem. O visito uma vez por dia e paro meus afazeres pra ouvir suas histórias e contar as minhas. Hoje nós falamos sobre a vertigem que sentimos diante do nada, do horizonte, do absurdo da vida. sobre a vertigem, da imensidão do céu e dos abismos do coração. relacionamos a falta de ar de uma corrida, com a falta de ar que alguém especial provoca pela sua simples presença na minha frente. sobre a fome e busca dessa falta de ar. só de chegar na beirada dessa porta eu perco o ar, eu fico embriagado com o cheiro dessa porta, tonto, com vontade de deitar no chão e bater a cabeça na parede. Na porta laranja, há rabiscos desesperados de amor e paixão, de sonhos. um monte de bilhetes loucamente apaixonados e românticos se forma no rodapé da porta laranja. estão ali durante anos, já com musgo. como um muro das lamentações, só que ao contrário. Hoje eu e o homem falamos de um estranho amor como se fosse uma espécie rara. Me senti como um biólogo em uma expedição na floresta tropical, procurando uma nova espécie de cogumelo. desconhecida. eu não a encontrei, mas sei que ela existe ali, esperando ser descoberta. e usada. Me excita a idéia de que esse cogumelo seja alucinógeno, para que a viagem de nós dois fique completa. é hora de ir embora, não é permitido ficar muito tempo na porta laranja. antes de ir tenho vontade de jogar um coquetel molotov ali dentro e sair correndo. como a amo e como a odeio. Mas jamais teria coragem. é preciso de vertigem pra viver. viver de vertigem. é preciso sonhar. Saí dali sorrindo, mas sabendo que tudo era uma imagem, um holograma, um sonho. uma possibilidade do sonho, uma vontade dilacerante. Delicadamente fechei a porta da vertigem e fui comer algo, ainda tonto, mas me sentindo melancolicamente seguro e em terra firme, pois sei que eu não terei nada a perder.

Bom dia, Boa tarde, Boa noite.




ESSE É O ESPÍRITO

Hear No Lies (Little Loud Remix) by waylayers