segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Viciados em Fazendinha





BIA ABRAMO

Uma fazenda ridiculamente viciante
Jogo da rede social Facebook pode ensinar para onde a TV deve ir daqui para a frente

CHAMA-SE FarmVille e é uma espécie de doença. Doenças daquelas de internet; "ridiculamente viciante", como classificou uma amiga (real) e vizinha (virtual).
Trata-se de um joguinho da rede social Facebook em que você ganha um pedaço de terra, uma identidade de fazendeira(o) e começa a plantar morangos e berinjelas.
Depois, você vira vizinha(o) de seus amigos e tem de ajudá-los a varrer folhas secas, se livrar de ervas daninhas e combater toupeiras que ameaçam sua plantação. Daí você ganha presentes: porcos, ovelhas, árvores frutíferas. Se você tem vizinhos bem mais avançados no jogo, tanto melhor: você pode ganhar agrados bonitos, como lindas romãzeiras, ou divertidos, como um elefante bebê. De vez em quando, aparecem animais perdidos e tristes: "oh, não, um patinho feio veio parar na minha fazenda" (pode ser também uma ovelha negra ou uma vaca marrom). Se você é do bem (e nesse jogo não há outra alternativa), adota o patinho feio do amigo. A recompensa virá: o patinho feio, por exemplo, transforma-se em cisne, você ganha dinheiro e "experiência" como fazendeiro pelo gesto generoso.
À medida em que progride no jogo, você pode plantar vegetais diferentes, comprar casas, mesas de piquenique e tratores, além de ir ganhando prêmios diversos, os quais, se devidamente "publicados" na sua página do Facebook, podem ser compartilhados pelos vizinhos.
Há, segundo as estatísticas do Facebook, mais de 51 milhões de pessoas jogando FarmVille em 29 de setembro deste ano (http://statistics.allfacebook.com/applications/single/-/102452128776); isso com menos de quatro meses de existência (foi lançado em 19 de junho). E cresce, ainda segundo o Facebook, à razão de 1,04% ao dia.
À primeira vista, é mais uma brincadeirinha do Facebook, à qual se adere meio por pressão dos amigos. Depois, você acha divertido, fofo mesmo, plantar e colher abóboras e macieiras, ganhar galinhas cacarejantes cujos ovos rendem um dinheirinho virtual e lhe permitem, por exemplo, comprar mais um fardo de feno verde. É meio infantil, você sabe, mas quando menos se espera, está pensando nas framboesas que vão secar se você não chegar logo em casa, ou no quanto falta de dinheiro para comprar um trator ou, ainda, quando você, finalmente, vai poder mandar um coelho de presente.
Tem uma "história", tem drama, tem um certo humor -e, sobretudo, se faz isso de forma pública e coletiva. O que isso tem a ver com a televisão? Talvez nada com a TV tal como existe hoje. Talvez tudo com a TV daqui para a frente.

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