sexta-feira, 15 de maio de 2009

" A BELEZA É UMA NECESSIDADE MORAL"

( frangmento de entrevista de Artur Danto para Virginia Aita )



Aita: Considerando que em tempos pós-históricos “qualquer coisa” pode ser arte, implicando assim a total abertura do domínio da arte, você observa que a declaração de Karlheinz Stockhausen de que o ataque terrorista de onze de setembro de 2001 foi “a maior obra de arte jamais feita”, poderia, ainda que desastrosa para sua reputação, servir para exemplificar a fronteira irrevogável entre arte e vida. Você pretendia de algum modo contrapor-se às tentativas, algumas notáveis, de fundir a arte com a vida como um grande equívoco?

Danto: Pode bem ter havido um tempo em que o fato de alguma coisa ser arte significava que tinha um valor superior, inatingível (over-riding) e assim poderia ser eximida de qualquer coisa que fizesse ou dissesse. Mas uma vez que nos deslocamos da leitura estética da arte para a moral, essa isenção não pode mais ser suposta. Assim o ataque terrorista poderia ser arte, e mesmo, em virtude de sua grande escala, grande arte – todavia não deveria nunca ter sido provocado. O fato de ser uma obra de arte não seria uma condição para eximi-la, pois algo pode ser arte e imoral ao mesmo tempo.

Aita: Retomando o problema do belo em seu recente livro The Abuse of Beauty, você afirma que “o aparecimento espontâneo daqueles santuários por toda a parte em Nova York após o ataque terrorista de 11 setembro foi para mim a evidência de que a necessidade do belo nos momentos extremos da vida está profundamente enraizada na estrutura humana”. O que significa hoje a revitalização e redefinição do belo e/ou da beleza para a vida e a arte contemporâneas?

Danto: Acho que isso ajuda a explicar porque a beleza é um valor. Não é apenas alguma coisa “na mente do observador”. Contanto que algo seja moralmente aceitável, o fato de ser belo contribui para que o mundo seja um lugar melhor. Se pudéssemos escolher mundos, o que escolheríamos espontaneamente, sendo nossa mente constituída do modo que é, seria o mundo mais belo. Acho que, em um certo sentido, a beleza é uma necessidade moral, e isso significa que temos a obrigação moral de não tornarmos o mundo em que vivemos um lugar horrendo.

entrevista completa: aqui

Um comentário:

BHY disse...

A beleza é uma necessidade mesmo, tanto física quanto sentimentalmente. Somos fadados a gostar do que é belo. Ótimo texto. ;-)