terça-feira, 29 de novembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Querido vizinho,
Nessa noite chuva, no silêncio do vigésimo primeiro andar deste apartamento, comecinho da madrugada, ouço meu vizinho escrevendo algo na sua máquina de escrever. todas as imagens que construo dele são puramente a partir da solidão e silêncio que eu e ele compartilhamos nesse momento. Já são dois anos que nossa não comunicação se constitui.
Na verdade não sei se ele é homem ou mulher. se é jovem ou velho. se mora sozinho ou tem família. se escreve cartas de amor, poemas de saudade ou preenche formulários e documentos. Não sei qual seu apartamento, só sei que é neste edifício em frente ao meu quarto, nos fundos. Nossos encontros têm tantas coincidências. Será que a paz que ele deve sentir ao ouvir aquele som que a máquina de escrever faz quando muda de linha é a mesma paz que eu sinto daqui? será que é mesma serenidade que eu sinto quando gosto desse retrato que desenho agora?
Somente por estes dias é que fui me dar conta o quanto preciso e talvez sinta algum carinho por esse vizinho cuja referência é somente um som. uma cadência. Eu gostaria de receber alguma carta escrita por ele nessa máquina de escrever antiga e charmosa. Diria pra ele o quanto me fez bem sua presença quase fantasmagórica/mística nas noites da mais pura solidão e quietude. Meu vizinho querido que ainda faz uso da datilografia, como você é incrível. Como você é perfeito, a partir da anulação de qualquer outra referência sua que não seja seu ruído. Na minha mente você é um capitão do mar já velho, porém forte e destemido. E que não tem um oceano internético em frente ao seu teclado ( mais duro que o meu ) para se perder na sua imensidão de tédio e solitude.
Meu vizinho, eu me sinto uma criança acreditando que compartilho tanto com você. O que você me diria dessa fase tão estranha e confusa que estou vivendo? que conselhos me daria para os êxitos e fracassos diários que teria pra te contar? Uma coisa é certa: nada é mais real e mútuo que esse silêncio que nos une, o qual é interrompido por serenas melodias da sua máquina de escrever antiga. ( eu sei que é antiga, pois já fiz datilografia quando era adolescente ). Será que você também ouve as músicas que coloco de vez em quando? às vezes eu sei que empolgo e pode ser ouvido pelos vizinhos. Com certeza você percebeu que estou obcecado com a trilha sonora de Evita.
Sabe vizinho, desde que tomei consciência de que você é real, o silêncio passou a ser algo cada vez mais ameno e menos devastador e triste. O silêncio passou a ser um terceiro companheiro nosso.
Não deixa de ter um quê de místico e espiritual nisso tudo. ou talvez seja apenas ingenuidade minha, o que também não seria ruim, pelo contrário. Mas é uma sensação interessante sentir afeto por uma pessoa que até então é somente um som, uma onomatopéia. Acho que no fundo, queria que continuasse assim. é bom saber que sozinho de verdade nessas horas, eu não estou. Quero ter esse pequeno porto de solitude pra me encontrar com você, mesmo sem você ter noção disso, não importa. Desejo que você tenha boas notícias pra escrever e receber.
00:41. parece que os sons da máquina pararam. tudo continua ok, pois sei que você sempre dorme mais cedo que eu, que tenho insônia. raramente você vira a noite datilografando.
Boa noite vizinho. tenha um bom dia amanhã.
So what happens now?
So what happens now?
(Another suitcase in another hall)
So what happens now?
(Take your picture off another wall)
Where am I going to?
(You'll get by, you always have before)
Where am I going to?
Don´t ask anymore.
domingo, 20 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
prelude
"When I look back on my life, it's not that I don't want to see things exactly as they happened. It's just that I prefer to remember them in an artistic way. And truthfully, the lie of it all is much more honest because I invented it.
Clinical psychology tells us arguably that trauma is the ultimate killer.
Memories are not recycled as atoms and particles and quantum physics, they may be lost forever. It's as if my past was an unfinished painting, and as a painter, I fill all the spaces ugly and make it beautiful again. Not that I was dishonest, I just hate the reality"
Prelude Pathétique
Clinical psychology tells us arguably that trauma is the ultimate killer.
Memories are not recycled as atoms and particles and quantum physics, they may be lost forever. It's as if my past was an unfinished painting, and as a painter, I fill all the spaces ugly and make it beautiful again. Not that I was dishonest, I just hate the reality"
Prelude Pathétique
terça-feira, 15 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
é preciso escrever e registrar tudo
justamente para não esquecer, principalmente do que incomoda a alma. é preciso registrar para voltar depois e compreender. É preciso ( Eu preciso ) transformar caminhos diários em imagens para espantar as vozes. é preciso esgotar esses caminhos, procurar novas ruas, trechos, itinerários. é preciso ser forte e continuar caminhando com os olhos cheios de água e ainda assim perceber as imagens e ignorar as vozes.
Existe amor em BH? Em SP dizem que já não existe mais: http://www.youtube.com/watch?v=f35HluEYpDs
terça-feira, 1 de novembro de 2011
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