domingo, 30 de dezembro de 2012

Milky way




Eu sou o leite.
E eu estava morrendo de saudade.
Eu sou um lugar que você quer voltar
Uma casa e um ninho que não te pertencem mais.
Sou um sabor azedo na boca
E um abraço demorado.
Sou cada uma das estrelas
Que perpassam o firmamento.
E em cada seio de cada mulher
Sou uma porção de um oceano branco e imaculado
Em cada uma delas
Em cada mama
Que Deus pôs.
Sendo assim, sou um tipo de mundo líquido
E você é um tipo de criatura,
Uma nereida ou um tritão
Querendo voltar pra casa
A Via Láctea
O seio de mamãe
Tanto faz, estamos indo de volta pra casa.
Eu sou uma tentativa
De recomeço, eu sou seu primeiro amor
Eu sou seu primeiro sabor
Eu sou um tipo de frustração
Que o seu corpo não tolera mais.
Mas sente falta, lá no fundo
Às vezes sinto saudade de passear aqui
Ficar e dormir
Eu sou o leite.
Eu amo me sentir tão pequeno
Frágil e adormecido no seu peito ou dentro do seu útero
Sonhando com uma aventura fantástica pelo espaço
Você como um bebê-Deus, mamãe
e uma vaca branca de manchas pretas nos acompanhando.
Todos juntos caminhando sobre mim, na minha forma de oceano.

Escrevendo juntos
A mais linda história já criada. 



Eu sou o café.
Eu sou aquele que te recebe em casa com um abraço
E te faço parte do meu mundo.
Sou o seu namorado e também sou sua mãe.
Mas posso ser seu melhor amigo ou seu chefe, se você quiser e tiver tempo.
Eu sou quem te acalma e estabiliza
Quando te faltam palavras e ar
De uma carta inexplicável
De um sonho ruim
De uma lembrança dilacerante.
Eu sou a oferenda ao sol de cada manhã sua
E o companheiro da madrugada.
Eu sou a única coisa que você dá de manhã
Eu sou o som dos seus dedos no teclado do PC
Na sua necessária (?) solidão
Mais que tudo
Eu fui e sou o presente.
Eu ainda estou aqui.
Não sei se acordado ou com sono
Não sei se quente ou frio
Mas com o mesmo cheiro e com a mesma cor
Porque eu não me deterioro
Ainda líquido, talvez ainda mais líquido do que antes.
Eu sou o café, tentando entender
Cada palavra
Prestando atenção em cada palavra sua
Sem pressa, assoprando com cuidado pra não queimar
Dormindo e acordando
Manchando sonhos com café
Perfumando hálitos com café
Persistindo e invadindo os cômodos da casa com aroma de café

Dizendo que ainda estou aqui.



Unaí, 31 de dezembro de 2012.





sábado, 22 de dezembro de 2012

Sunday by Moby on Grooveshark


Sunday was a bright day yesterday
Dark cloud has come into the way

They sing to the darkest night
Long before

Why can’t I face it
Am I too blind to see
Why did he go
Why did he leave me


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PORT ANTONIO











Abrindo os olhos
Vi o azul chegando
Me acordando
Me fazendo dormir de novo

E tanto, então sonhei
Com o que não queria mais ver
Pensando em tudo aquilo então




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

OS NOVOS MINEIROS


Nota sobre alguns mineiros que o jornal OTEMPO elegeu como destaques em diversas áreas de atuação aqui em BH. Estou lá! Obrigado ao jornal pelo reconhecimento! Confesso que acho divertido e engraçado o termo novos mineiros! Para ler a nota é só clicar aqui!

TRITON LOVERS



Meu trabalho Dragonfly of Regret ilustra o calendário projeto Triton Lovers esta semana. Pra baixar é só clicar aqui! Confira também um pequeno release sobre o trabalho aqui. 

Obrigado Triton e Izumi pelo espaço e divulgação! =)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Há muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. assim como há muitas idéias na cabeça, como uma tempestade. Hoje eu tive um dia tão estressante, tão caótico e puxado no trabalho, e ainda assim me sinto à léguas de distância da resolução dos problemas e resultados esperados. Pra piorar passei o dia com uma dor absurda nas costas, como uma agulha delicadamente implantada entre meu pescoço e atrás dos meus ombros. Desconfio que assim como os lobisomens ou nas lendas japonesas das pessoas que se transformam em outros seres durante a noite, eu devo estar virando uma espécie de serpente, pois só isso explica a má posição que devo estar dormindo pra acordar com tanta dor como anda ocorrendo. Preciso urgentemente de um ortopedista, antes que me corpo fique em forma de um ponto de interrogação. 

Por isso, não hesitei, depois de entregue o trabalho mais cansativo e prioritário do dia, em matar a vontade de comer um acarajé, ali da rua fechada na região dos bares que passo todo dia quando vou pra minha academia. meses passando ali e resistindo. sem sentar numa mesa e pedir um chopp. não por auto castigo, mas por falta de clima. o bar é o bar porque há pessoas alegres e falando alto no bar. o bar é uma criação social, é uma celebração. deve haver um contexto. Por isso que raramente vou num bar beber e comer sozinho. Mas hoje eu precisei. Eu me permiti. A grana anda curta? foda-se. Acarajés engordam? foda-se. Não é legal sentar sozinho? foda-se. E comendo meu acarajé em estado de graça e felicidade efêmera, pensei tantas coisas, nas coisas desses últimos tempos. Não há nada que faça mais atualmente do que pensar, refletir, rever, questionar. Me pego falando comigo mesmo, me pego em diálogos que nunca irão acontecer, me pego pedindo satisfações e dando também. Me pego esclarecendo os últimos meses, numa espécie de auto terapia ou um monólogo psicodrama. 

Foi bom desacelerar, foi bom comer o acarajé sem culpa, quase que secretamente. Eu me esquivei de quem me veria e sentaria pra falar comigo. Um grande amigo e ex chefe, hoje um senhor, me contava que na sua juventude, assim como eu, ele tinha muito pouco dinheiro e tinha que fazer acrobacias pra se virar. E que no dia do seu pagamento, a primeira coisa que ele fazia era correr pra uma loja de doces comprar 2 ou 3 trufas da marca X, que era a coisa mais chique, saborosa e prazerosa pra ele. aquele momento, segundo ele, era esperado pacientemente durante todo o mês, e era sempre o mesmo numero..no máximo 3 chocolates, que ele mastigava em câmera lenta, como nos comerciais da tv, pra sentir cada instante, cada pedaço, cada átomo, cada gota de saliva misturada com aquele cacau. não faria sentido comprar o salário inteiro em chocolates finos, era sempre a mesma quantidade. um prazer medido, calculado. tão pouco, tão verdadeiro e intenso. Eu me senti um pouco assim hoje, me perguntando quantas coisas estou me privando, e como funciona essa coisa da dor física e da dor espiritual, do peso da rotina, da busca pelo prazer e da busca pela cura, e como tudo isso anda junto e misturado. 

Por outro lado, eu mentiria se dissesse que todos os meus dias são assim. não, não são. não sei se daria conta, mas gosto um pouco desse turbilhão que ocupa a cabeça das coisas mais tristes. é interessante notar como o coração, no estado de nebulosa, mudando de forma, se comporta. Alguém disse que é preciso estar distraído, pra algo acontecer, pra tal coisa surgir, e se instaurar em você, não tenho certeza, mas acredito que a pessoa se referia ao amor. daí, você pode imaginar quantas formas e tipos de amor conseguir pensar, inclusive o amor próprio. a nebulosa é um monte de poeira e gás, o farelo do universo, que a gravidade vai acumulando e depois esculpe uma caixa de jóias, e de lá nascem estrelas, supernovas. até tudo morrer e começar de novo. Então, me vejo assim, distraído, estressado com o trabalho e rotina, e ao mesmo tempo pensando nas formas que o coração está assumindo como nebulosa, é um jogo de sair e entrar, revelar e esconder. estar aqui e não estar, relembrar e esquecer. isso é bem interessante, porque eu vejo um João que gosta de ser um pássaro na velocidade da luz, mas também há um João que gosta de ser uma pedra coberta de musgo. Às vezes tenho milésimos de segundo em que consigo ter a consciência do que significa poder transitar entre esses dois estados. o quanto é bom e o quanto dói. 

Escrevo e penso essas coisas sentindo dores. Tem sido assim. às vezes pesado, às vezes leve. contando os dias, contabilizando meses. fazendo planos. contando as vezes que chorei neste ano. Enumerando as novidades. no belíssimo documentário, "A artista está presente", de Marina Abramovic, ela fala sobre o processo de sentir dor. Segundo ela, sentir dor é algo como um segredo bem guardado, no momento em que se passa pela porta da dor, é como atingir um outro estado mental, onde há beleza e amor incondicional, onde não há mais fronteiras entre seu corpo e o que te rodeia e onde começa a sentir uma sensação de leveza e harmonia consigo mesmo. Esse outro estado mental é exatamente aquele que provavelmente começa a fazer com que sinta que algo mudou em você. a forma de ver o mundo muda.tudo muda inexplicavelmente. como uma coisa sagrada.

É preciso saber como se portar e se preparar pra quando a dor chegar. 












a angústia nasce no coração, mora na garganta e se expande continuamente em todas as direções.
a angústia às vezes cresce tanto que vira uma água quente que sai dos olhos e esfria dentro do peito.
às vezes ela tb não aguenta e vomita o almoço e evita o jantar.
a angústia de tarde descansa deitada no sofá.
ela é uma tia gorda que vem visitar de surpresa e só vai embora quando quer.
ocupa os espaços da casa e não se importa em deitar na nossa cama e nos deixar insones durante toda sua visita.
a angústia pode virar um monstro horrível se acompanhada de álcool ou outros alteradores de consciência.

a angústia mora na garganta
a angústia mora na garganta
ela nasce no coração e mora na garganta
a angústia não sabe o caminho de volta
a angústia sente-se em casa
a angústia acha que é amiga e tem hora que a gente acha que gosta dela e dá pra ela um travesseiro mais macio, um café quetinho e um poema triste.

Bárbara Ahouagi. / Vakaloka

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

time goes by / so slowly






É assim com as nuvens: todas dançam ao som dos ventos, todas em uma direção, todas parecem se agrupar num canto do céu como se estivessem apenas ocupando o que lhes cabe; 
esquecem-se de sua condição anterior: antes nuvem em forma-ação. 
Em seguida, tal agrupamento rotineiro configura-se em tempestade. 
O vento não tem mais direção, nada segue calmamente, instaura-se uma desorganização que, 
em breve tratará de se re-compor. 
Até quando.


Mayra Redin

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012




Tudo não é até que passa a ser.



Será que uma montanha se sente fraca por carregar seu próprio peso? ela se sente pesada?






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